“Eles têm dinheiro e eu não. Eles querem me deixar na pior”, afirma Thalline Doria

CIDADE
11/08/2017

A maranhense Thalline Vasconcelos Marques Doria passa por um drama. Em 2014, mais precisamente no dia 18 de abril, uma biopsia solicitada pelo médico José Guará, realizada no Hospital São Domingos, confirmou que ela precisava passar por uma cirurgia nas mamas em virtude que “foram observadas características de malignidade no material analisado”.  “Eu fiz cirurgia nas duas mamas. Quem me operou foi o doutor José Guará", fala quase chorando.

Depois da cirurgia ela passou por sessões de quimioterapia, ambos os procedimentos realizados no Hospital São Domingos. “Depois da cirurgia e já em casa eu sentia muitas dores do lado esquerdo da mama e voltei várias vezes ao hospital onde era medicada pra dor”, falou. Segundo Thalline, enquanto estava com o plano de saúde (Bradesco) sempre se dirigiu ao hospital e a única coisa que recebia era morfina como medicação. E isso prosseguiu durante meses até o final do seu plano em 2015.

Descoberta

Depois que ficou sem plano de saúde, e diante da continuidade das dores, Thalline passou a ser atendida na UPA da Cidade Operária. E foi depois de muitas idas à unidade de saúde que, no dia 4 de julho de 2017, uma médica solicitou uma radiografia e o resultado mostrou que havia “um corpo estranho” no seio esquerdo. Para tirar qualquer sombra de dúvidas, Thalline e sua mãe foram ao hospital São Domingos, do Pátio Norte, no dia 11 de julho, e fizeram um novo exame, desta vez particular, e este detectou que havia "artefatos metálicos na mama esquerda".

De posse dos exames, mãe e filha se dirigiram ao São Domingos. Lá conversaram com o diretor Hélio Mendes e o médico José Guará. Ficou decidido que Thalline faria uma consulta e um novo exame. Foi então que foi feita uma mamografia, realizada no dia 27 de julho de 2017, e esta comprovou que "havia presenças de artefatos metálicos", conforme mostrado nos exames anteriores. Apesar do resultado, mãe e filha foram informadas pelo diretor Hélio Mendes que diante das imagens o resultado mostra que “não configurou nenhum processo inflamatório” e que “a cicatriz era compatível com quem fez uma cirurgia dentro do padrão esperado”.

Essa ultima reunião foi gravada pela mãe de Thaline. No audio é possível ouvir o diretor Hélio Mendes dizer que o hospital tem um raio-x da ex-paciente feito em 2006 e que este mostrava que tinha um corpo estranho. “O que que a gente acha? O que que a gente pode pensar? A gente acha que aquilo não é. Se fosse, ele é inerte”, tentou explicar, mas não convenceu a família. Em determinado trecho da conversa ele sugere que para tirar essa dúvida a família deveria escolher um médico mastologista de confiança e levá-lo até o hospital para discutir o caso e assim chegarem a uma conclusão que fosse viável para ambas as partes.

Hospital esclarece

O Hospital São Domingos em nota enviada esclarece que “A paciente em questão realizou procedimento cirúrgico eletivo com médico mastologista, de sua escolha, há quase 04 (quatro) anos, sem malignidade e intercorrências.” A nota continua dizendo que “Após ter procurado a Diretoria Médica do hospital, em julho de 2017, com queixa de presença de corpo estranho na mama operada, foi encaminhada para reavaliação pelo seu médico mastologista que afastou, clinicamente e por exame de imagem, qualquer processo inflamatório na mama resultante da cirurgia”.

A nota confirma que “no final de 2016, um exame de imagem mostrou corpos estranhos na mama, porém, a junta médica confirmou que tais achados não estão relacionados a nenhuma intervenção cirúrgica feita nesta unidade de saúde” e que “afirma desconhecer o desfecho de outras intervenções cirúrgicas realizadas em outros estabelecimentos de saúde”. O Hospital São Domingos finaliza: “Diante de todo o exposto, não havendo doença maligna ou infecção na mama, e após revisão do caso, não há evidências de defeitos na prestação dos serviços hospitalares prestados, quer culposa, quer dolosa.”

Desespero

Apesar de todas as explicações da diretoria do hospital, tanto Thaline Doria quanto a sua família não estão convencidas e querem que o São Domingos e o médico José Guará revejam esse posicionamento. Eles garantem que Thaline não fez mais nenhum procedimento na mama esquerda depois da realizada no ano de 2014 e que não é justo que o hospital tire o corpo fora. Os últimos meses não tem sido nada fáceis para ela e a família O gasto com medicamento já extrapola a casa dos mil reais. Todos os dias ela ainda tem que fazer curativos em virtude das constantes secreções que sai do local da cirurgia. “Eu não durmo de tantas dores. Minha família está gastando o que não tem. Eu vou procurar os meus direitos, mas em primeiro lugar eu quero a minha saúde. Eu me mostro ser forte, mas não sou forte. Eu estou desesperada”, desabafa Thalline.

 

 

 

1 COMENTÁRIO

Nyedja Lima
12/08/2017
As situações de erro médico são recorrentes, não desista procure seus direitos , persista, pois é dever do Estado viabilizar o acesso à justiça a todos os cidadãos.

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