Blog Jacieny Dias

"Discotecar em vinil é uma grande oportunidade que estou tendo de mostrar mais de mim, saindo um pouco dos bastidores. Desejo em breve também publicar meu livro com imagens e poesia”, assim fala a versátil jornalista Vanessa Serra, que  cada dia descobre novidades no mundo do vinil. Ela discoteca as quartas-feiras no “Quarta do Vinil”, no restaurante Manu. O projeto semanal já é sucesso.

Como tem conciliado o lado jornalista e Dj?

O Jornalismo é uma profissão que te exige uma dedicação integral. Agora Dj tornou-se um pouco mais cansativo pois agora são três turnos, praticamente... rsrs. Mas na verdade esse trabalho como DJ funciona como uma ‘musicoterapia’ para mim. É o lugar onde eu coloco toda minha verdade, inspiração e sentimento... A satisfação pessoal supera qualquer dificuldade ou obstáculo. 

Como é fazer parte de um mundo onde a maioria dos Djs são homens?

Não faço essa diferença de gênero, mas talvez quem olhe faça. Eu me senti muito bem recebida, fui apadrinhada por um mestre no estilo, o DJ Joaquim Zion. E meu companheiro, Maurício Capella, que tem referência em áudio, me dá um suporte na logística do equipamento (montagem, desmontagem, ligação, teste etc). Além da sensibilidade para compor uma sequência musical tem a questão técnica, que ao longo do tempo, você vai adquirindo habilidade, conhecimento e mais experiência.  
            O que as pessoas mais gostam de ouvir?

Música brasileira e baladas internacionais. Mas considero que o meu grande diferencial é a sensibilidade feminina. As mulheres se identificam muito com as músicas que toco, e isso desperta os homens também. Por exemplo, no meio de uma sequência eu posso tocar “Infinito Desejo” ou “O lado quente de ser” com Maria Bethânia, “Deixa a menina” com Ney Matogrosso, “Samba Rasgado” com Gal Costa, “Cachito” com Nat King Cole, “Woman” com John Lennon, “Até o fim” com Chico Buarque, “Girl from Ipanema” com Frank Sinatra até “Je suis la femme” com Gretchen...tudo junto ou não, nunca uma sequência musical é igual a outra porque me inspiro nas pessoas que estão ali naquele momento.

Vc só usa o vinil?

Somente e exclusivamente vinis, em gravações originais.

Como tem aumentado o seu acervo?

Minha coleção de discos é formada pelos os que herdei da família e dos discos que venho adquirindo ao longo de minha vida, desde os doze anos de idade, tenho o hábito de comprar discos (comprava na Mesbla, rsrs). Hoje adquiro através da internet, nas viagens que faço, principalmente, no Rio e Belo Horizonte; e em sebos e coleções particulares de pessoas que me oferecem discos. Atualmente devo ter cerca de dois mil discos de vinis. Além dos cds, que tenho também.

A música e você é...?

A música é visceral para mim. Desde criança, através da minha família, tenho o hábito de ouvir música. Eu tinha meus próprios discos, de cantigas de roda, e todos da geração dos anos 80 que permeavam o universo infantil como a “Arca de Noé”, “Os Saltimbancos”, “Capitão Aza”, “Balão Mágico”, etc. Ao mesmo tempo em que ouvia Bach, Vivaldi, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Elis Regina, Waldir Azevedo, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Rolling Stones, Arthur Moreira Lima...Gosto de todos os estilos se a música for bem construída, harmonizada aos meus ouvidos e me trouxer algo em sentimento. Lá em casa, curioso, nós não tínhamos um disco de Roberto Carlos nem Wando, hoje adquiri alguns clássicos deles e gosto muito de ouvi-los.  

Vanessa Serra é...?

Pergunta difícil de responder....Sou uma sonhadora, diante de todas as dificuldades e decepções que tive na vida procurei tomar uma boa lição e decidi por me reinventar...Agora meu pé é bem no chão...A idade traz um amadurecimento, quando a gente passa dos 40 e olha para trás procura ter mais pressa em decidir e fazer as coisas acontecerem. Meu desejo hoje é ver a felicidade do meu filho e ter prazer em tudo em que eu me dispor a fazer.