Blog Jacieny Dias

Matérias veiculadas na imprensa maranhense, e em alguns veículos nacionais, levantam questionamentos sobre qual seria o real motivo por trás da "Operação Pegadores", realizada pela Polícia Federal, no dia 16 de novembro, na Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão. O blogueiro Leandro Miranda, leia-se Marrapá, afirmou que os delegados e investigadores parecem “perdidos” e “inseguros” em relação aos desdobramentos da operação e que “o discurso e a prática não se assemelham”.

Um dos pontos questionado se refere a informação divulgada pelo delegado Wedson Cajé Lopes que uma sorveteria “da noite para o dia” foi transformada em uma empresa prestadora de serviço hospitalar e teria sido contratada pelo Governo do Estado. O portal Página 2, do jornalista Jorge Vieira, disse que “são falsas” as informações da Polícia Federal. Segundo a matéria “a razão é simples: desde 4 de outubro de 2013 a empresa CCO Indústria de Sorvetes Ltda., criada em 2010, deixou de existir”.

Já o blogueiro Jeisael Marx diz que esse detalhe - a data divulgada pela PF -  deu munição para que uma “canalhice de uma imprensa motivada por questões políticas” distorcessem “fatos verdadeiros que poderiam ter sido desvendados tanto pela PF quanto pela boa prática jornalística”. E ele ainda acrescenta: "há que se considerar duas hipóteses: ou o delegado da Polícia Federal errou ou, então, mentiu".

Sarney seria o mentor?

O nome José Sarney foi disparado o mais comentado pelos aliados do Governador Flávio Dino (PC do B) quando se falava da operação da PF. Nas redes sociais, muitos eram categóricos em afirmar que tudo isso foi orquestrado pelo ex-senador José Sarney com o objetivo de desestabilizar o governo comunista. O velho Sarney seria o cabeça de toda essa operação da Polícia Federal? 

O jornalista Gilberto Lima afirmou que haveria “coincidências” nessa ação da PF. Segundo ele, a ação policial aconteceu “dias depois da nomeação do novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, indicado pelo ex-senador José Sarney”. Na matéria ele também afirmou que houve um “sincronismo” entre a chegada dos policiais federais e uma equipe da TV Mirante na Secretaria de Saúde do Estado. “Levantou entre atentos observadores a hipótese de conhecimento prévio da operação pelo sistema de comunicação do oligarca maranhense”, escreveu.

O jornalista Cunha Santos em matéria publicada em seu blog afirma que José Sarney teria criado com Michel Temer uma polícia política no Brasil e que "todo inimigo político e/ou adversário de Sarney e Michel Temer será perseguido, vigiado, monitorado. Ele ainda diz que "a recente operação da PF no Maranhão é um exemplo disso".

“Jamais compactuamos com qualquer má aplicação de recursos públicos”, diz Flávio Dino após exploração política de operação" Flávio Dino

Agora, ficam as perguntas: Qual foi realmente o objetivo dessa ação da Polícia Federal? Não houve desvios de dinheiro na gestão do governo Flávio? Independente em que ano a tal empresa deixou de ser sorveteria, ela desviou dinheiro? Os auxiliares do governador sabiam do que estava acontecendo? APolícia Federal tem provas?

Bom, já que o governador Flávio Dino garante  não compactua "com qualquer má aplicação de recursos públicos”, ele tem a obrigação de investigar e identificar os responsáveis por esses desvios ou provar que não existe corrupção no seu governo. 

Detalhe: e se nada do que foi dito pela Policia Federal tiver comprovação, o gestor maranhense estará com a faca e o queijo nas mãos para pedir a saída do novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia. Afinal, ninguém pode acusar sem provas.

Entenda o caso

A Polícia Federal, realizou no dia 16 de novembro a Operação Pegadores que prendeu 14 pessoas envolvidas em desvios de recursos públicos da saúde do Maranhão. A operação é um desdobramento da “Operação Sermão ao Peixes”, que apura fraudes no sistema estadual de saúde iniciadas em 2012, quando o secretário de Saúde, do governo Roseana Sarney, era Ricardo Murad (PRP).

A PF afirma que os desvios começaram em 2015 – ainda no primeiro ano da gestão do governador Flávio Dino  -  e sangraram os cofres públicos até 2017. Segundo a PF, mais de R$ 18 milhões foram desviados.

Esses desvios beneficiaram políticos, servidores públicos, empresários, amigos e familiares dos operadores da fraude.  A PF já informou que os investigados da Operação Pegadores, a nova etapa da Sermão aos Peixes, serão indiciados por peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.