Blog Jacieny Dias

Basta você abrir o seu celular e acessar os aplicativos para que de imediato seja bombardeado com dezenas de propagandas de jogos de azar, dentre ele Tigrinho, Aviãozinho, Canguru, roleta e afins. Eles estão ali a sua disposição sem nenhum filtro e prometendo ganhos, muitos ganhos. Muitos desses jogos estão hospedados em sites de apostas esportivas e com apenas alguns cliques a pessoa tem tudo a sua disposição. Confesso que já me senti tentada, porém não fui em frente.

As empresas de apostas falam que o jogo é uma “atividade de risco e que as pessoas devem apostar de forma responsável”. Mas como convencer alguém que mal se sustenta com um salário mínimo, mas vê famosos e subcelebridades ostentando ganhos e luxo e afirmando que ele pode comprar mansões, carros de luxo, fazer viagens dos sonhos, ter muito dinheiro no banco e comprar roupas de marca jogar de forma responsável se ele acredita que também vai se dar bem apostando? Hoje milhares de famílias brasileiras estão endividadas por causa dos jogos de azar. E muitas pessoas até tirando a própria vida.

Para se ter uma ideia de como o aumento dos jogos tem sido preocupante é que a Associação Brasileira de Varejo e Consumo divulgou, em junho deste ano, divulgou um estudo sobre as implicações do crescimento exponencial das apostas esportivas para os varejistas brasileiros. E esta mostrou que: 64% dos que apostam online no Brasil utilizam sua principal fonte de renda para apostar; 63% dos que apostam no Brasil afirmam que teve parte de sua renda comprometida com apostas online e, em termos de implicações para o consumo, 23%, 19% e 14% dos que apostam online afirmam que se abstiveram de comprar vestuário, alimentos/mercadorias e produtos de higiene pessoal, respectivamente.

Como as pessoas tem sido seduzidas para estas apostas? Simples! As empresas que administram os tais jogos de azar contratam dezenas de influenciadores digitais, famosos ou não, e estes propagam para seus milhões de seguidores que eles podem ganhar dinheiro apostando nos tais joguinhos. Vide Carlinhos Maia, Juju Salimeni, Nicoles Ball, Davi Brito, Bia Miranda, Graciane Barbosa, Virginia, Cariucha, Maya Massafera, Tirulipa, Deolane Bezerra, está última presa, são alguns deles. Sem falar em Neymar, Galvão Bueno, Michel Teló, Jojo Todinho, Gkay, Bruna Biancardi, Gustavo Lima, Vini Jr, Wesley Safadão, todos patrocinados por casas de apostas tipo, Esportes da Sorte, Betano, Vai de Bet, Blaze, BetNacional, dentre outros. Detalhe: os famosos são pagos para fazer publicidade, não apostam seu próprio dinheiro, mas são a isca para conquistar os apostadores.

Em tempo - Está sendo analisado pela Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 3915/23 que proíbe artistas e influenciadores digitais de fazerem divulgação ou propaganda de atividades relacionadas a jogos de azar, empresas de apostas e cassinos. Pela proposta, artistas e influenciadores são responsáveis por garantir que o conteúdo produzido (publicações, vídeos, lives, stories, entre outros) não contenham referências ou incentivos a atividades de apostas. Se será aprovado ou não, só o tempo dirá.

Os jogos de azar podem parecer uma solução rápida para os problemas financeiros, mas, na realidade, eles oferecem riscos consideráveis. Não se deixe seduzir pelos ganhos fáceis e tenha em mente que o sucesso financeiro vem, na maioria das vezes, do trabalho e planejamento, e não dá sorte. Se você ou alguém que conhece está enfrentando dificuldades para parar de jogar, procure ajuda. Existem grupos de apoio e profissionais especializados em tratar o vício em jogos de azar.