A semana da Pátria foi de notícias bem desagradáveis para os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rouseff. Primeiro foi o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que denunciou petistas ao Supremo Tribunal Federal por "crime de organização criminosa" por desviar dinheiro da Petrobras.
Além dele, também foram acusados os ex-ministros Antonio Palocci Filho, Guido Mantega, Edinho Silva e Paulo Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto. Segundo o procurador, o esquema permitiu que os acusados recebessem, juntos, R$ 1,5 bilhão em propina. Para Janot, Lula deve ser condenado a uma pena maior que os demais porque é considerado "líder" da suposta organização criminosa.
Depoimento bombástico
Logo depois das denúncias da PGR veio o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci ao juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, na condição de réu da ação penal da Operação Lava Jato que apura apresentados em denúncia do Ministério Público Federal (MPF). E este depoimento teve efeitos de uma bomba.
O homem de confiança de Lula fez estremecer as estruturas políticas do Brasil ao afirmar que Lula sabia de tudo. “Os fatos narrados nessa denúncia dizem respeito apenas a um capítulo de um livro bem maior de um relacionamento da Odebrecht com o governo do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma, que foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens dirigidas à empresa, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, em forma de caixa 1 e caixa 2”, disse Palocci ao iniciar o depoimento”. Segundo Palocci, a Odebrecht tinha uma relação “fluida” em todo o governo, inclusive através de contratos ilícitos.
Palocci afirmou ainda que Lula recebeu propina da Odebrecht e que esta veio através de um apartamento em São Bernardo do Campo, do Sitio em Atibaia, da compra de um terreno para o Instituto Lula e palestras no valor de 200 mil. O ex-ministro garante que Lula sabia de tudo. Ele falou também que foram pagos R$ 4 milhões da Odebrecht para o Instituto Lula e que tinha ouvido falar que Emilio Odebrecht levou para Lula um pacote de propinas que envolvia algo em torno de R$ 300 milhões. A defesa de Lula afirmou que “a denúncia é uma ficção”.
Antônio Palocci contou que havia uma desconfiança da Odebrecht quanto à eleição da ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, em uma reunião que teria ocorrido no dia 30 de dezembro de 2010 entre Lula e Emílio Odebrecht, dono da empreiteira, foi colocado a Lula essa desconfiança.
“Nessa reunião, o presidente Lula leva Dilma, presidente eleita, para que ele diga a ela das relações que ele tinha com a Odebrecht e que ele queria que ela preservasse o conjunto daquelas relações em todos os seus aspectos, lícitos e ilícitos”, contou o ex-ministro. Ele disse que não estava na reunião, mas que ficou sabendo dela através de Lula.
Envolvidos negam
O ex-presidente Lula pelas redes sociais rebateu as acusações feitas por Antonio Palocci. Segundo o petista, Palocci é contraditório e não tem compromisso de dizer a verdade. “… só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sérgio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz Moro um acordo de delação premiada”, escreveu Lula.
Já Instituto Lula, em sua página no Facebook, divulgou uma nota em que diz que o depoimento de Antonio Palloci é contraditório e “que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula”. Em nota reafirma que jamais solicitou ou recebeu qualquer terreno da Odebrecht.
A ex-presidente Dilma Roussef também negou as acusações. Em nota, a assessoria de imprensa disse que "caberá ao STF garantir o amplo direito de defesa e reparar a verdade, rejeitando a denúncia". Através do Blog da Alvorada, Dilma afirma que as denúncias se apoiam em mentiras fabricadas e que vieram "à baila apenas para desviar a atenção das gravações divulgadas".