A situação não está nada fácil para cerca de 50 prefeituras maranhenses acusadas de desvios de verbais federais para o tratamento pós covid19 e também tratamentos fantasmas. Por causa dos desvios, cerca de 25 prefeituras estão com os repasses da saúde suspensos.
Os municípios estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal e Controladoria Geral da União. Até morto está na lista dos que receberam tratamento pós covid19. “Evidentemente é má fé para fraudar o sistema”, afirma o procurador da República, Juraci Guimarães.
Ficamos a par na matéria veiculada no Fantástico, no domingo (24), que 93,3% de toda verba destinada para o tratamento pós Covid19 no Brasil foi destinada para o Maranhão. Foi o estado brasileiro que mais recebeu verbas para tratar pessoas acometidas pela doença. Mata Roma, Belaguá, Afonso Cunha e Chapadinha foram os municípios destacados na denúncia dos desvios de verbas.
“Fraudaram o Sistema Único de Saúde de forma escancarada”, Maurício Ferraz, Fantástico
“Só Mata Roma com pouco mais de 17 mil habitantes recebeu mais dinheiro para tratamento pós Covid19 que todas as cidades do Rio de Janeiro juntas”, disse o jornalista. Foram R$ 743.533,00. A cidade tem 652 casos da doenças, mas os números dizem que foram realizados 34.280 atendimentos. Em nota, a prefeitura disse que exonerou o secretário de saúde e abriu uma sindicância administrativa.
Em Chapadinha, o secretário de saúde, Alberto Carlos, disse que não sabia a quantidade dos atendimentos que foram realizados pelo município. Mas as investigações mostram que a cidade fez mais de 200 mil atendimentos e recebeu em torno de R$ 3.983,585,40 em recursos para esse destino. Valor bem superior que todos os estados do Sudeste juntos, mostra a matéria.
Já em Belágua, município administrado por Herlon Costa Lima, mais de R$ 1 milhão em recursos foram para sequelas pós covid. Segundo a investigação, 446 pessoas tiveram Covid19 na cidade, mas foram realizados mais de 50 mil tratamentos. Detalhe: Belaguá tem apenas 7.528 habitantes. O prefeito disse que quem errou nos dados dos testes de Covid foi o digitador. “É controlc, controlv”, disse. “Mas vai sobrar pro prefeito”, acrescentou.
O prefeito Arquimedes Bacelar, leia-se Afonso Cunha, também disse que foi o digitador o responsável pelos números inflados dos atendimentos médicos. A investigação mostrou que a cidade, com mais de 6 mil habitantes, realizou 18.474 exames de próstata e o mesmo número de transvaginal. Outro ponto da investigação mostram que cada morador do município fez 54 consultas ao ano. O prejuízo passa da casa dos R$ 8 milhões de reais.
Depois que a reportagem saiu de Afonso Cunha, uma foto de Arquimedes Bacelar, com imagens dos jornalistas do Fantástico começou a circular pelo whatsapp e dizia que a equipe havia localizado o “Melhor Prefeito do Brasil”. Pura Fake News!!
Em nota publicada na manhã desta segunda-feira, a prefeitura de Afonso Cunha informa que “não processou nenhum tipo de pagamento para os possíveis serviços” e ressalta que “os recursos recebidos não estão necessariamente vinculados a serem gastos com os serviços mencionados na matéria jornalística”
A pergunta é: os prefeitos vão devolver esses recursos que foram usados de forma indevida?